domingo, fevereiro 21, 2010

A vida

Como era de se esperar, ele busca a felicidade.
Não esta que é notória e entre dentes, mas uma que é semelhante ao aço, e ainda assim tem um toque sutil e perfumado.
Não era comum estar se sentido assim: acrescido de si mesmo, aumentado e inexplicavelmente agigantado.
É um sentimento luxuoso e faz a busca parecer tão normal, tão humana...
Sempre achou que sabia perfeitamente por qual caminho seguir. E sabia. O sabia com tamanha precisão que esqueceu e a busca passou a dominar cada célula de sua existência. Cada pulsar alonga a vida, e a vida alonga a busca.
Ela, a vida, às vezes lhe parecia longa e desajeitada. Difícil mesmo de entender e de levá-la.
Era isso então: A vida é insuportavelmente pesada e só o que lhe torna suportável, às vezes, é a busca.
A busca é a vida!

domingo, fevereiro 07, 2010

Dor


E essa dor que grita e sangra feito vulcão em atividade, mas não mancha ou deixa cicatriz de espécie alguma? Tenho uma espada na garganta e sal no estômago, o que talvez explique porque não sou passível de compreensão...
Ando tão inconstante que sinto que um sopro me leva do céu ao inferno num tempo insignificantemente microscópico e por lá permaneço, sem possibilidade de salvação ou resgate imediato, ou mesmo intermediário...
Chego a pensar que não me entendem mesmo quando estou tão revelado e limpo, recém lavado de chuva e xampu de camomila.
Por que esta sensação nunca me abandona? E este vazio que vem até mesmo em momentos em que estou tão pleno e convencido. Realizado?
Qual o porquê de desligar os sentidos e pensamentos, quando acho estar ainda ideal e receptivo? Isso me traz a solidão mesmo acompanhado, e dormir não alivia o peso contido em minhas pálpebras. Por vezes chego a sentir que um colo silencioso poderia salvar um reino que não se sustenta em pernas fortes e que um sorriso pode assumir feitio de remédio ou de oração.
Sou estranho: às vezes não tenho um átimo de compreensão própria e em outras me sinto pleno, cheio de uma percepção entremeada de radicais sutilezas.
Para que serve mesmo ser entendido, ou entender-se? Por que esta necessidade de ser visto em última instância de existência? Não quero servir de adorno ou santo de oratório. Ser visto é neste caso, especificamente, ser entendido, ser revelado.
É romper com esta máscara translúcida que se fez em mim, involuntariamente.