sexta-feira, outubro 16, 2009

O choro

Um dia deste eu chorei. Tem gente que acha chorar vexatório, mas como diria Clarice Lispector, dizer que chorou envergonha. Chorar não. Como não tenho mais tanto pudor com situações potencialmente inibidoras: Chorei mesmo e pronto!
E não sabia o porquê. Não era dor, tristeza, saudade ou mesmo alegria. Chorei e não sabia.
Só que depois não veio aquela sensação de alívio, de esvaziamento absoluto e o frescor de sentimentos que o “pós-choro” trás e dá ânimo a alma. Acordei inconvenientemente inchado novamente e somente então entendi: Chorei porque não sei ser diferente. Chorei porque que amo tudo mais do que acho que sou capaz de suportar, chorei porque não sei me expressar direito, chorei porque sinto tudo de uma forma tão intensa que não sei dar vazão a maior parte das vezes e então me expando além de meus limites tentando ser e me sinto como pessoa violentada e incapaz.
Às vezes me sinto como que um invólucro que tem por dentro algo muito acima de sua capacidade de comportar e está prestes a explodir, a vazar pelos poros e borrar os limites.
E não sei ser diferente. Chorei porque não sei ser.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Evolução

Queria poder voar: Não voar assim, literalmente, mas voar de mim mesmo. Sair de onde existo e do corpo que habito com obrigatoriedade.
Quem sabe assim seria completamente verdadeiro pela primeira vez?
Ter um corpo e ser humano parece tão perfeito e funcional que sempre me acomodo e desisto de sair para campos mais amplos e ventos mais ligeiros. Quem sabe eu não deva procurar por penas? Não penas grandes como de um avestruz, que as tem e nem por isso sabe voar. Mais útil seria ter asas de mosquito que ser avestruz e pôr ovos e não levantar do chão por mais que alguns segundos. Nada mais que vislumbres de liberdade e de plenitude.
Tomo fôlego e vou! Que Deus me ajude...

Suicídio...

Suicídio é quando se deixa de amar a tal ponto, que a vida fica insuportavelmente longa.