sábado, julho 17, 2010

Azul

Olho o espelho azul na margem de um lago, e o que vejo inquieta-me: Desconheço quem me olha de volta. No fundo sei que sou eu... Mas quem me lançou em águas tão profundas? Esse azul turquesa não me cai bem...
Não sei nadar direito, mas preciso seguir e o caminho é por sobre o lago. Ou por dentro dele. Não sei bem. Seguir é imperativo, quase que atávico. Tomo fôlego e me atiro n’água, sem pensar mais uma vez, sem querer. Parto rápido a braçadas, ainda que desajeitadas, mas sem medo algum. Levo no peito o coração de um gigante, e gigantes não têm medo. Senão não seriam gigantes.
Cruzo o lago e me sinto vitorioso e realizado na outra margem. Saio dele todo envolto num frio azul turquesa. Estranhei o espelho sim, mas o olhei de perto. Bem nos olhos.

4 comentários:

Me disse...

will, não há melhor mergulho...por isso é deste azul revelador!...
bjoka

Aninha disse...

Todo homem é gigante Will. "Saio dele todo envolto num frio azul turquesa". Lindo como sempre!

Marcos F. Carvalho disse...

Segundo Clarice Lispector…
“Para vermos o azul, olhamos para o céu. A Terra é azul para quem a olha do céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância? Ou uma questão de grande nostalgia? O inalcançável é sempre azul.”

Quanto a mim, o alcançálvel está lá...

Patricia Lins disse...

Caríssimo, por onde andas? Saudade das nossas trocas de comentários. Dá notícias. Bjs, Pat. linspat@gmail.com