Descobri que tenho uma coisa que muita gente procura desesperadamente: o amor. Não estou me referindo ao amor a algo ou mesmo a alguém. O que tenho me parece maior, pois é um amor a nada, e por isso mesmo livre e totalmente inexplicável.
Sinto muito, mas tenho que revelar algo para os que ainda não o descobriram, pois há segredos que são por demais grandiosos para que possamos suportá-los mesmo sabendo que algo pode se perder no caminho, na revelação. Ele, o amor, não é uma pequena esfera nacarada e reluzente a ornar anéis ou brincos, nem pedra dura de beleza transparente, eterna e lapidada. Ele é totalmente sem forma, não pesa mais do que um pensamento e tem a consistência de uma respiração. Mas não a consistência de uma respiração tranqüila e cadenciada que refaz as forças e acalma: Ele é mais um arfar, como um suspiro e como tal inconstante. Ele é estranho.
Esta descoberta, a de que o possuo o conhecimento da natureza do amor, me deixou imensamente feliz. Pareço pretensioso? Às vezes me dou ao luxo! E é assim que o sinto, que o percebo. Mas na verdade mesmo, bem lá no fundo, sei que sei apenas intuitivamente. É mais uma impressão impregnada do que uma certeza lógica. Talvez ele tenha diversas formas e pesos e talvez ele se mostre diferente para cada pessoa. Ele é um e muitos ao mesmo tempo. Ele é estranho.